sábado, novembro 26, 2005




Ela na praia

De um lado está a falésia

Ocre, cortada, brutal

Ao fundo estão os rochedos

Negros gigantes enigmáticos

Em frente estão as ondas

(Nunca existiram duas ondas iguais)

Tudo mais é a areia

onde ela, serena, passeia.

Na praia a sua boca é espuma

O seu hálito maresia

Os seus cabelos são algas

A sua pele é salina

Os seus olhos, esses, são sempre ónix.

Os seus pés são duas conchas

Que marcam na areia

Que veio dali e foi para ali

Mas não mostram para onde vai.

Em cima da falésia está o farol

E dentro do farol estou eu

Que vivo só de ver o mar

E também de a ver a ela

assim na praia a deambular.

Sei para onde ela vai:

Para onde levam os seus próprios passos

Agora que já posso ver

As marcas que ficarão na areia

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