De um lado está a falésia
Ocre, cortada, brutal
Ao fundo estão os rochedos
Negros gigantes enigmáticos
Em frente estão as ondas
(Nunca existiram duas ondas iguais)
Tudo mais é a areia
onde ela, serena, passeia.
Na praia a sua boca é espuma
O seu hálito maresia
Os seus cabelos são algas
A sua pele é salina
Os seus olhos, esses, são sempre ónix.
Os seus pés são duas conchas
Que marcam na areia
Que veio dali e foi para ali
Mas não mostram para onde vai.
Em cima da falésia está o farol
E dentro do farol estou eu
Que vivo só de ver o mar
E também de a ver a ela
assim na praia a deambular.
Sei para onde ela vai:
Para onde levam os seus próprios passos
Agora que já posso ver
As marcas que ficarão na areia
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