É verdade que os meus olhos
Não sabiam já focar
E que tristes e baços pairavam
Entre o horizonte e o mar
Eram olhos viajantes, ciganos
Que mais nenhuns outros olhos
Conseguiam fixar
Olhos fartos de olhar
Mas que olhavam só para dentro
Fugidios e pouco humanos
Egoístas, incapazes de apreciar
Nem giesta nem pinheiros
Nem sereia nem centauros
Um dia , esses olhos fugidios
Sempre em busca da saída
Cruzaram-se com olhos ónix
Que eram navio de partida
Esses eram vivos, penetrantes
Lançavam faíscas no escuro
Mudavam de cor nos instantes
Em que o presente é passado e futuro
Foi assim, desta maneira
Por acaso ou pela graça de Deus
Que se acendeu a fogueira
Quando os meus olhos cruzaram os teus
A fogueira continua em brasas
Não se apaga como por magia
Os olhos ganharam asas
Voam no mundo da fantasia
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