A Tabacaria
Daqui a muito tempo,
Muito depois da tabacaria da esquina fechar
Depois da tabuleta que diz "Tabacaria" cair
Depois do homem que assomava à minha janela desaparecer
Quando já não houver essa janela nem nenhuma janela
Quando já não houver rio, nem cidade, nem sequer colinas
Nesse tempo (ou nesse espaço)
Um computador gigante à escala nanométrica
Terá no disco duro a memória do dia
em que o Esteves saíu da Tabacaria
e alguém gritou "Adeus ó Esteves !"
Nesse computador estará a memória do teu sorriso
Do tom da tua voz,
Do modo como molhas o dedo para virar as páginas
E também a memória de todas as canções que se cantaram
de todas as frases que se escreveram,
mesmo as inocentemente tontas, como estas
E também a minha memória das coisas que não foram
e do que neste momento sinto ao escrever e ao pensar en ti
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