Protege-te!
Protege-te! diziam-lhe as amigas com olhos doces (que na cidade cinzenta todos têm olhos doces). Ela pensava: "é verdade, tenho mesmo é de me proteger".
Nesse dia o Homem ficou contente quando recebeu um embrulho verde. "Verde é esperança!", dizia-lhe a Mãe quando ele ainda era menino,. Pensou que do embrulho
sairiam centenas de pássaros a chilrear, estrelas cintilantes e cheiro a pinheiros.
Mas não , o embrulho não continha nada disso.
Sentou-se diante duma figueira e viu que mais uma folha verde, enorme, qual um tapete voador se abria devagar. Como gostava do perigo e não necessitava de se proteger, ali ficou horas, até adormecer, naquela sexta feira 13 a sentir o desdobrar nanométrico da folha. Acordou gelado mas vivo, pois viver não é mais que ocupar o tempo entre o momento em que se nasce e o momento em que se morre.
Nesse momento a rapariga estava protegida. Então tudo estava bem.
Um comentário:
Era apenas uma canção desesperada..
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