Auto-retrato
Tamanho grande
pelo menos para esta minha geração
peso dos anos bem pesado em cima
mas sempre de espinha direita.
Carão longo, poliédrico, cortado à faca
perfeito para vilão de cinema
Olhos cavados, tristes e meigos
Lábios irregulares, selvagens
Rugas bastantes, cada qual com sua história
Dedos finos, de pianista, mas tal como os ouvidos
inúteis para a música
Ventre saliente, só um pouco
voz quente.
Isto não sou eu , isto é só a embalagem
O que eu sou não se pode ver
Talvez tu o possas sentir
Quando os olhos não param quietos
ao ritmo dos pensamentos
Isso sim, sou eu.
Um comentário:
Está bem bonito, este poema, sabes?
Inês
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