quinta-feira, julho 27, 2006


Quando o rosto fica turvo

Quando o rosto fica turvo pela náusea da velhice
e o espírito colhe linha directa para a infância,
a gaiola possível é a amoreira frondosa do jardim perto de casa
onde os pássaros se recolhem nas tardes quentes de verão
e donde fogem na frescura matinal, chilreando
a velha canção da permanência entre os vivos

Um comentário:

Anônimo disse...

O tempo deixa marcas. O tempo não pára. O tempo é aquela coisa chata que não se controla. O tempo é mau. O tempo não se agarra. O tempo não merece ser elogiado.

Não sei como gritar a revolta que tenho do tempo não voltar para trás. Ou não poder andar para trás e para a frente, como um carrinho de brinquedo, a nosso gosto e bem querer.

Porque há sempre dias bons pela frente, mas outros tão bons para trás, que se apagam numa memória velha e fraca, desleixada e preguiçosa de lembrar. E ficam pelo caminho as frases, o conhecer, o entender sem ter de dizer, fica tudo isso, e tudo só porque o tempo passa, porque as coisas muidam, porque ficamos mais velhos (ou às vezes mais novos) e porque compreender as pessoas não se desenha só em silêncios.

Um abraço e veja lá se publica o blog e os desenhos. :)